quinta-feira, 30 de maio de 2013

Pequeno Resumo do Livro "Sobre a Brevidade da Vida" - Sêneca


Sobre a brevidade da vida é a obra mais difundida e um dos tratados mais significativos do grande filósofo, dramaturgo, político e escritor do início da Era Cristã, Sêneca (4aC - 65dC), além de ser um dos textos mais conhecidos de toda a Antigüidade latina . Um homem cuja morte exemplificou o desprendimento e a paz de espírito que ele tanto pregava, ao constatar que "cada um se lança à vida, sofrendo da ânsia do futuro e do tédio do presente".
Arguto observador da cena política, já àquela época ele indagava: "Quantos prefeririam ver em desordem a República e não a sua cabeleira?" Daí sua constatação fundamental sobre a política, e que vale até hoje igualmente, de que "um povo com fome não é racional, portanto, nem a eqüidade saberia acalmá-lo, nem as orações dobrá-lo".
São desenvolvidos temas como aprendizagem, amizade, livros e a morte, e, no correr das páginas, vão sendo apresentadas maneiras de prolongar a vida e livrá-la de mil futilidades que a perturbam sem, no entanto, enriquecê-la. 
Sua visão da proporcionalidade e da diferença entre todas as coisas pode ser resumida em uma bela frase de sua autoria: "Lentos jumentos são mais capazes para o trabalho que nobres cavalos, e quem já oprimiu a generosa agilidade deles com uma pesada bagagem?"


quarta-feira, 29 de maio de 2013

Resumo - Sinopse do Filme "Exterminador do Futuro 4"


Exterminador do Futuro: A Salvação traz a 4ª seqüência da série iniciada na década de 1980, cuja temática apocalíptica e ação impactante conquistou adeptos não só entre os aficionados pelos filmes de ficção científica, mas entre os que gostam de bom cinema em geral. Afinal, pelo menos até o 2º filme da série (Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final), os mirabolantes efeitos especiais estavam acompanhados por roteiros decentes, e, mais importante, tínhamos a direção interessante de Joel Schumacher, cujo maior crédito, talvez, esteja no ótimo Um dia de fúria. 
Nesta continuação, porém, ficamos reféns do entretenimento vazio, das explosões e monstros tão em voga nesses tempos em que, por exemplo, os filmes da série Transformers fazem tanto sucesso nas bilheterias. Também não é por acaso a escolha pela beleza física dos atores, o que nos leva a pensar como é que as pessoas são tão bonitas em um cenário pós guerra nuclear, onde, supostamente, a escassez é a regra. Ah, os cartazes não ficariam bonitos!
Para aliviar o desastre total que foi a 3ª seqüência (Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas), os produtores apelaram para um tática conhecida: contrataram um ator em evidência para o papel principal, Christian Bale, que atualmente interpreta o Batman nos filmes da série. Pena, pois o talento de Bale, que pode ser visto em filmes como Psicopata Americano e O Operário, fica totalmente comprometido na série de chavões que cabe à sua personagem, como no caso de ele ser o profeta incompreendido que luta, com muitas dificuldades é claro, para mostrar aos seus superiores a razão por trás de toda a trama. É a triste, e velha, história: “Alguém tem que pagar o aluguel”, e, lamentavelmente, filmes independentes e transgressores, como os citados acima, em geral não cobrem sequer suas despesas. Os grandes estúdios, inclusive, fazem questão de manter seus “braços independentes”, no intuito de buscar novos talentos e obter o desejado reconhecimento da crítica, mas certamente não esperam deles que sejam lucrativos como seus braços mercadológicos.

Como o desastre do filme anterior foi muito retumbante, dificilmente este conseguiria afundar ainda mais a franquia, e foi pensando assim que surgiu mais um forçado roteiro para tentar alongar um pouco adiante a história que, a rigor, poderia ter terminado com sucesso ao final do segundo filme. Não por acaso, o diretor faz uma série de referências aos dois primeiros filmes, seja em cenas ou em falas que ficaram famosas, mas, não por acaso, não aparece qualquer citação ao 3º filme. Sem contar que algumas partes foram alteradas, como a data do julgamento final - prevista no primeiro filme para o ano de 1997, e ”atualizada” para “um ano no início do século XXI” – com o intuito claro de tornar mais apresentável a história vendida.
Infelizmente, trata-se quase que somente disso: comércio, e, ao que parece, o filme atingiu seu objetivo, uma vez que a bilheteria e o ganho de imagem parecem estar indo bem. Entretanto, e para finalizar, a boa idéia original de que as máquinas, eventualmente, se tornarão conscientes e buscarão sua auto-suficiência foi relegada miseravelmente para o último plano. Outros filmes fizeram sucesso com essa temática (2001: Uma Odisséia no Espaço, Matrix, dentre tantos outros), mas esse Exterminador do Futuro 4: A Salvação é apenas mais um produto na prateleira do consumo do entretenimento cinematográfico.

Resumo do Livro "O que é Poder" - Gérard Lebrun


Este pequeno livro trata das questões sobre o poder, em particular o poder social. Para tanto, a autor define comunidade como sendo uma "congregação de homens (societas) a quem seus próprios afazeres ocupam demais para que possam dedicar-se aos interesses do todos, e que, por isso, devem ser protegidos pela instância política, em vez de participarem dela".
Assim, o ideal de democracia plena se encontra substituído pelo da democracia representativa, mas isto traz como efeito colateral o distanciamento ante as questões sociais e, em último caso, leva ao completo individualismo. Também se deve notar que há um importante paradigma na democracia quando se percebe que o "último chefe" é sempre humano e, portanto, sujeito às mesmas vicissitudes e falhas daqueles que o elegeram.
Daí Habermas colocar qual é a função do Estado, já que este deve "garantir ao mesmo tempo a lealdade das massas no quadro da democracia formal". Trata-se de evitar rupturas na ordem, sendo o Estado o guardião do status quo e mantenedor do consenso social. 
Por tudo isso, o poder, enquanto forma de organização social e, principalmente, estatal, tende à concentração e à manutenção da ordem, sendo, portanto, conservador em sua raiz, fazendo lembrar inúmeros casos de opositores ferrenhos ao mais variados regimes ao longo da História que, uma vez titulares do poder governamental, passaram a praticar políticas conservadoras.


Resumo do Livro "Discursos geopolíticos da mídia: jornalismo e imaginário internacional" - Margarethe Born Steinberger

Escrito por Margarethe Born Steinberger, professora de Comunicação e Linguística da PUC-SP e editado pela Cortez o livro “Discursos geopolíticos da mídia” foi elaborado buscando entender a imprensa que temos, a partir do nosso lugar no mundo e, fundamentalmente, aquilo que jaz subjacente à cobertura da grande mídia.Steinberger é mestre em Letras pela PUC-RJ, e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. 
A autora se vale de sua ampla experiência em vários veículos de comunicação, entre eles a Folha da Tarde e a Folha de São Paulo, sendo que por esta última ela cobriu os importantes desdobramentos da reunificação alemã após a queda do Muro de Berlim. A obra encontra-se estruturada em oito capítulos que partem de uma perspectiva teórica da história cultural e da análise do discurso, adentram os cenários geopolíticos estruturados pela/para mídia, em particular sua articulação com o imaginário social, até desaguar no imaginário jornalístico propriamente dito, circunscrevendo a análise à América Latina.
A questão subjacente ao trabalho encontra-se na determinação existente ou criada na legitimação dos discursos geopolíticos da mídia na AL, face ao excessivo poder concentrador dos meios de comunicação de massa na região e sua capacidade de, se não forjar políticas, ao menos ratificá-las ou contestá-las com boa dose de impacto. Assim, no primeiro e segundo capítulos a autora traz a questão histórica que permeia as apresentações geopolíticas, caracterizando-as como “historicizável” conforme a época, aos aspectos científico-tecnológicos ou a atividade social de que se trate. Trata-se, sobretudo, de entender o discurso geopolítico como uma dimensão daquilo que é controlável pelos detentores do poder.Mais uma vez, a autora busca salientar o uso epistemológico dos temas em questão, ressaltando suas concepções variadas e notando que nem sempre essa complexidade é levada em consideração na montagem do discurso. O terceiro capítulo sobrepõe a geopolítica à cultura pós-moderna, cuja síntese vem na emergência de uma geopolítica da cultura. Tal concepção se pauta pela crítica, calcada em aspectos humanos e interessada na constituição de uma geopolítica da mídia que, se ainda ensaia seus primeiros passos, não deve ficar alheia ao seu contexto social.Vem à tona a ideia de insulamento das elites, que se fazem representar ou que propriamente são os donos da mídia, na eleição das pautas jornalísticas, citando, por exemplo, o trabalho de José Arbex Jr, “Showrnalismo”, que mostra a inversão do discurso, ou da lide no jargão do jornalismo.
O quarto capítulo é dedicado à análise do imaginário social como ferramenta para se compreender a geopolítica da mídia. Surge, apropriadamente, o conceito de práxis antagonizando o imaginário/simbólico e o fazer humano histórico, cujo pano de fundo se encontra na consolidação das instituições que vêm formar a opinião pública internacional.A América Latina passa atualmente por longo período democrático, mas apesar de viver um período de relativa paz institucional, avessa às ditaduras de segurança nacional ou similares que assolaram a vida social e política no século passado, a autora nota que este espaço deve ser conquistado diuturnamente, haja vista os acontecimentos recentes na Venezuela e na Colômbia. O quinto capítulo discorre sobre a mídia no espaço público internacional, analisando o funcionamento dos seus discursos e a oposição de parte dos excluídos desse espaço, que se dá também pela limitada regulação que se verifica no acesso a esses espaços. É o próprio conceito de soft power, que ordena agendas de limitada relevância e impacto, apesar de terem surgido para a cena, inclusive na mídia.Em que pese o ganho de importância que os temas geopolíticos agrupados no amplo espectro do soft power tiveram nos anos recentes, percebe-se, ainda, uma forte carga ideológica a pautar o discurso, como no caso citado da atuação estadunidense nas tratativas para a consolidação de um regime de desenvolvimento que envolva uma matriz energética menos dependente do carvão e do petróleo. Já o sexto capítulo adentra o imaginário jornalístico propriamente dito, mostrando a geopolítica como um mapeamento discursivo largamente encenado, onde o que passa a pesar é o valor da informação, convertida de valor de uso para valor de troca pela mediação imersa no capitalismo informacional.Essa transição entre valor de uso e valor de troca ganha contornos dramáticos com a revolução das comunicações, uma vez que, atualmente, o acesso à informação instantânea que vivenciamos ainda costuma se dar de forma direcionada, com alguns grandes grupos controlando quase todos os formadores de opinião, fazendo com que se pense na Era da Desinformação.No sétimo capítulo a autora circunscreve a análise da mídia na América Latina, tornando o texto mais fluido e menos teórico pela inserção de experiências que contrapõem uma negociação, barganha mesmo, da(s) autonomia(s) regional(is) no espaço midiatizado internacional. Fica a impressão de homogeneidade lógica nos discursos identitários, diante de um princípio de participação da sociedade civil no processo.No oitavo e último capítulo a autora fecha sua análise tratando do impacto da nova ordem geopolítica sobre a América Latina, enxergando uma cisão entre os discursos antigos, não renovados, e as práticas atuais, em particular no ressurgimento de discursos de (re)significação dos espaços a partir de uma lógica neocolonialista.

O livro tem muito mérito em tratar com profundidade teórica e prática tema tão espinhoso, seja pelos interesses que envolve, seja pela dificuldade de se defender posição antagônica ao discurso hegemônico em voga. Apesar de seu caráter denso, fruto que é de um rigoroso trabalho acadêmico, o livro consegue emergir à tona com um discurso bem concatenado, bem à maneira mostrada, e criticada quando ausente, durante tantos outros discursos apresentados.


Resumo de "Categoria de Análise na Geografia"

Talvez a mais complexa e contraditória forma de análise resida no estudo da categoria. Vários autores expressaram suas idéias sobre o tema. Aristóteles, por exemplo, entendia a categoria como as diferentes maneiras de se afirmar algo de um sujeito. Dentre as categorias da dialética cabe ressaltar as seguintes: matéria e consciência, qualidade e quantidade, entre outras. Milton Santos acrescenta as categorias estrutura, processo, função e forma, voltadas para a metodologia geográfica.
Dentro da intenção de identificar os conselhos de SPOSITO para esta análise, podemos notar o que esses conselhos podem contribuir para o referencial teórico de uma discussão acerca do pensamento geográfico, a partir da dimensão do método científico e partindo da premissa de sua análise ao longo da história.
A leitura do Pensamento Geográfico deve ser feita mediante uma reflexão baseada no radical (a busca do problema), na crítica (o objeto em crise) e no total (contextualização do objeto).

Assim, aconselha-se evitar algumas atitudes na contextualização do objeto de estudo:
1- Evitar a mera paráfrase: evitar colocar trechos de autores sem comentá-los, além de reescrevê-los com outras palavras.
2- Não se ater na admiração declamatória: não admirar demasiadamente um autor ao ponto de reconhecer que a sua obra é única e expressa um pensamento indiscutível.
3- Não expor um curso completo sobre o autor: não expor de maneira desnecessária a vida do autor nem mesmo quando o texto tem relação com o trabalho dele.



Resumo do Livro "Bem Está o Que Bem Acaba" - Shakespeare


Nesta deliciosa comédia o genial Shakespeare cria uma divertida peça-problema que tem um destaque muito importante: a presença de uma mulher no papel principal, algo pioneiro na literatura.
Bem Está o Que Bem Acaba é uma peça inspirada por uma história do Decamerão, de Giovanni Boccaccio, e tem como figura central uma beldade plebeia, Helena, apaixonada pelo nobre Bertram, criando o clássico embate para um amor impossível. Ao salvar a vida do rei graças (usando uma poção que lhe fora deixada pelo falecido pai), Helena conquista o direito de escolher um marido entre os homens solteiros da corte . Bertram, o escolhido, rejeita a idéia, mas, por se tratar de uma ordem real, aceita se casar, mas foge imediatamente para a guerra. Com isso, a desdenhada noiva lança mão de toda a sua perspicácia para conquistar o marido. 
Em um livro cheio de reviravoltas e situações inusitadas, vale destacar algumas frases significativas do Bardo em relação a alguns assuntos relevantes, dentre elas:
Sobre o luto: "Lamentos moderados são um direito dos mortos, o luto em excesso é um inimigo dos vivos";
Sobre o verdadeiro poder: "Que tú tenhas forças suficientes para enfrentar teus inimigos, mas que não precises usá-las de fato".
Sobre o uso inteligente da palavra: "Que te reprovem pelo teu silêncio, mas que jamais te censurem por falar demais".
Do falso amor: "E eu comecei a amar como um velho que ama o dinheiro, sem nenhum apetite."


Pequeno Resumo do Livro "Ideologias Geográficas – Espaço, Cultura e Política no Brasil" - Antônio Carlos Robert Moraes


A ideia principal do livro é retratar a influência da ideologia na Geografia, desde suas lógicas formativas mundiais até aquelas específicas do Brasil, dando especial atenção às interseções entre os campos da política e da cultura. Dessa forma, após uma exposição sobre diversas correntes filosóficas, incluindo, dentre outros, Marx, Weber e Lukács, temos a posição do autor diante do campo ideológico que mais fortemente impactou a geografia, a começar da sua afirmação da nossa posição periférica ante o imperialismo capitalista central. Essa realidade ressaltava, outrora, o escravismo como fonte de hegemonização e hoje se mistura com as “culturas ornamentais” para, em conjunto mais amplo, legitimar a Geografia do Estado, antidemocrática e avessa a novas ideias. Os muitos anos de autoritarismo e de regime militar na histórica recente do nosso país servem de parâmetro. Por fim, cabe destacar a importância dessa discussão na produção do espaço geográfico que, pelo que foi exposto, acaba por criar, entre tantos, os espaços alheios à sua própria existência (esquizofrenia do espaço), os espaços de mandar/fazer, os luminosos/opacos. É por isso que o autor denuncia o que ele entende ser a passividade dos intelectuais no Brasil que, às vezes sem sequer perceber, acabam legitimando a ideologia repressora e, também, estrangeira, sem identidade nacional própria.


Resumo do Conceito de Turista pela OMT - Organização Mundial do Turismo

A OMT assinala que turista é toda pessoa, sem distinção de raça, sexo, língua e religião, que ingresse no território de uma localidade diversa daquela em que tem residência habitual e nela permaneça pelo prazo mínimo de 24 horas e máximo de seis meses, no transcorrer de um período de 12 meses, com finalidade de turismo, recreio, esporte, saúde, motivos familiares, estudos, peregrinações religiosas ou negócios, mas sem o propósito de imigração.
Este conceito é o ponto de partida para duas análises, a primeira do conceito em si e segunda do papel do turista na sociedade visitada (direitos e deveres).
Entretanto, há mais uma consideração a fazer: como classificar aqueles que permanecem menos de 24 horas em um determinado destino turístico? A OMT os chama excursionistas. Uma pergunta não pode deixar de ser feita: que diferença há entre chamar de excursionista o visitante com menos de 24 horas de permanência em um destino ou de turista? Na prática. nenhuma. 
Esta diferenciação somente aumenta a dificuldade na contagem da demanda, burocratizando o processo estatístico. Fica claro, isso sim, que o excursionista é apenas mais uma distinção dentro da demanda turística. Demanda esta que precisa ser tratada com suas especificidades, mas que, com certeza, não precisa ser rotulada burocraticamente.
Assim, cabe uma análise da posição social do turista, seus direitos e deveres no destino turístico.




Resumo do Conceito de "Centralização Político-Administrativa e sua relação com a Democracia"

Há uma correspondência que permite que haja centralização político-administrativa e democracia, pois este é o próprio cenário para o surgimento das modernas Repúblicas, que aparecem, em grande medida, em substituição aos regimes monárquicos. A centralização político-administrativa foi peça-chave na consolidação dos Estados a partir da Idade Média, sendo Portugal o Estado pioneiro e que conseguiu, por essa razão primeira, saltar à frente nas grandes navegações e descobertas. Essa centralização estava lastreada na figura do monarca, que conferia coesão aos grupos dirigentes, burocráticos e empresariais.

Com o advento das modernas Repúblicas, ainda que valha lembrar que a História já havia presenciado o modelo republicano em outras ocasiões, como na Roma Antiga, a soberania popular, e com ela a democracia, passam a ser valores principais da constituição da sociedade.

A República Federativa do Brasil adota um modelo misto entre a centralização do estado, que levada ao extremo resultaria em uma ditadura personalista, e a descentralização, que, também no seu pólo extremo, resultaria de uma confederação de Estados iguais, à moda dos Confederados dos primórdios da Revolução Americana, mas que hoje está desuso nas relações internacionais.



Os Estados no Brasil gozam de ampla autonomia para cuidar dos seus interesses, o que dá força ao poder local, inclusive nos municípios, mas a soberania nacional cabe tão somente à União, legítima representante nacional nos fóruns internacionais. Teoricamente, e em que pese os conflitos que se presencia por vezes, o princípio federativo que rege o nosso país estabelece igualdade de condições e de tratamento entre todos os estados e entre estes e a União.


Resumo - Sinopse do Filme "Um Sonho Possível" - The Blind Side com a Sandra Bullock


"Um sonho possível" traz a história real do atleta de futebol americano Michael Oher (Tim McGraw), cuja vida pobre e sem perspectiva muda completamente ao cruzar com a socialite Leigh Ann Tuohy (Sandra Bullock, no papel que lhe rendeu o Oscar).De cara, já podemos sentir o clima de superação no ar, misturado a uma história bela e (in) verossímil e Bum!!! temos uma fórmula bem ao gosto da Academia de Artes Cinematográficas, que aponta os ganhadores anuais dos prêmios Oscar. Dessa forma, com essa "mágica combinação" por trás, não fica feio dar um prêmio de melhor atriz para Bullock, atriz apenas mediana. Na verdade, soa até justo, já que, convenhamos, a atriz nasceu para o papel. Ocasiões semelhantes já permitiram a entrega de outros prêmios na mesma toada, como, por exemplo, Julia Roberts em Erin Brockovich, ou Gwyneth Paltrow em Shakespeare Apaixonado. Temos, então, uma socialite nova rica, cujo marido é dono de 85 franquias de restaurantes fast-food, e que passa o tempo trabalhando como decoradora e almoçando saladas caras em uma roda de amigas.Contudo, o impacto da trama fica com Oher, ou Big Mike, negro, de mãe viciada e criado descuidadamente por diversos pais adotivos, até o dia em que, a caminho do ginásio da escola Big se depara com Leigh Ann (Bullock). Ao perceber a sua desolação, indo dormir no frio e com fome, Ann se oferece para levá-lo para sua casa. Daí, o que deveria ser uma situação de generosidade temporária acaba se perpetuando, e Big acaba por se incorporar à família.

O que o filme não explica, propositalmente, é o fato nada desprezível de Big frequentar a mesma escola dos dois filhos de Bullock. Nada a ver com a generosidade das escolas privadas, ou com um bom sistema de ensino público. Big, como tantos outros jovens carentes, tem uma desenvoltura muito grande nos esportes, e seu porte atlético faz dele especialmente interessante para o futebol americano.Nos EUA, a aptidão para o esporte é uma saída comum para jovens com poucos recursos, tal como aqui acontece, em geral, com o futebol. Esse sistema estadunidense de incentivo ao esporte tomou as proporções gigantescas de hoje graças a uma conjuntura altamente favorável, onde as grandes empresas se casam com os interesses políticos. Interessa a ambos manter uma das maiores máquinas olímpico-esportivas a pleno vapor, seja para atrair anunciantes, seja para entreter milhões de pessoas.Enfim, Big se encaixa dentre as exceções que conseguiram estudar. Para além de estudar, ele encontrou uma família compreensiva e afetuosa que o ajudou a se tornar uma atleta profissional de alto nível. Em poucas palavras, assistimos a uma exceção dentre as exceções.

Resumen del Livro "Por Una Geografía Nueva" - Milton Santos


"Por una geografía nueva" está dedicada a una revisión crítica de la evolución de la geografía en la búsqueda de abrir las puertas a muchas discusiones por venir, ya que la totalidad del espacio, forma, función, estructura y proceso, entre otros.De este modo, el libro se divide en tres partes principales: a) La crítica de la geografía, b) Geografía, Sociedad, Espacio y c) Una geografía crítica.La primera parte, que el autor quiere un tour de force por las diferentes corrientes de pensamiento geográfico, sobre la base de los fundadores clásicos y sus pretensiones científicas, a través de la "nueva geografía", hasta que la crisis que ha hecho de la geografía de la "Viuda del espacio." A partir de la geografía colonial, el autor, citando a Freeman recuerda que considera que "incluso hay una relación entre la expansión geográfica y la colonización", e incluso Vidal de la Blache a veces "parecía apreciar el trabajo de la colonización" .Hablando de los clásicos de la geografía, el autor muestra la búsqueda incesante de la geografía para el estado de la ciencia y en última instancia, tomar ventaja de la analogía con el exceso de las ciencias naturales, se ha legitimado. Este es un grave error, continúa el autor, porque, a diferencia de las ciencias naturales en los que la posibilidad de repetir una experiencia es la condición sine qua non para la validez del método científico, los fenómenos históricos "nunca se repiten de la misma manera." Por otra parte, el carácter "exacto" ciencia de la naturaleza es débil cuando se observa, por ejemplo, cómo nuestra comprensión de la realidad se altera para "el nivel de progreso científico logrado".Los cambios que la ciencia ha pasado después de la 2 ª Guerra Mundial, y desde luego toda la sociedad, surgió en torno a enormes desafíos que lo que más tarde se llamó "nueva geografía", está dando lugar a nuevas formas de investigación, los nuevos objetos, o necesidades que surgieron. Por todas estas críticas antes, el autor termina por completar el "triunfo del formalismo," sin duda ideológica, dejando la Geografía ", la viuda del espacio", sólo para revelar las grietas en esta estructura de la crisis a través del cual pasa todo el método cuantitativo.Ahora, en la segunda parte del libro, el autor postula un nuevo interdisciplinario-que muchos hoy en día llamaríamos la transdisciplinariedad - en la búsqueda de romper el aislamiento de la geografía en otros campos del conocimiento mediante el lanzamiento de la siguiente propuesta: redefinir el objeto de la geografía como el espacio como un producto histórico. De ahí que el autor utiliza un concepto de espacio, entre otros, que también toma prestados de otros enfoques, como "un conjunto de formas representativas de las relaciones sociales del pasado y del presente ... manifiesta a través de procesos y funciones. El espacio está a continuación, verdadero campo de fuerzas cuya aceleración es desigual ".Para cumplir por completo la obligación autoimpuesta para definir el espacio como un objeto geográfico, Milton Santos plantea algunas preguntas sobre la esencia del espacio.


terça-feira, 28 de maio de 2013

Resumo do Ciclo da Borracha na Amazônia

Entre o final do século XIX e início do século XX, a borracha estava destinada a “transformar-se na matéria-prima de procura em mais rápida expansão no mercado mundial”, como cita o mestre Celso Furtado em sua obra Formação Econômica do Brasil. Para tanto, em particular diante da escassez de mão-de-obra que se apresentava, em concorrência direta com a ascensão da produção de café no Sudeste, deu-se um verdadeiro êxodo de população da Região Nordeste, em fuga do decadente modelo de exportação da cana-de-açúcar, para a Região Norte, conhecido como Transumância Amazônica.
Dada a opulência que tal torrente de recursos trouxe, este ciclo pode ser encarado como a base para a primeira tentativa efetiva de ocupação da região amazônica, agora calcada no capital da borracha. Cidades inteiras foram construídas (as company cities), atraídas pelo interesse da nascente indústria automobilística na borracha amazônica. Porém, o ciclo da borracha se revelou fugaz, em particular diante da avassaladora produção das colônias inglesas concorrentes na Ásia a partir da 1ª Guerra Mundial, e trouxe poucos resultados duradouros para a região, sendo que, dentre esses, podemos citar a expansão da fronteira informal até onde hoje é o Estado do Acre, fruto da busca de mais seringais para abastecer a demanda, e a afluência de recursos deixou baluartes como o imponente Teatro Amazonas, em Manaus.



Resumo do Conceito de Bem Público e de Externalidades


Existem bens, conhecidos como semi-públicos ou meritórios, que, embora sigam o princípio da exclusão, são freqüentemente, e cada vez mais, produzidos pelo Estado. Esse é o caso, por exemplo, da educação. Existem colégios privados onde, se o aluno não pagar, não tem acesso. Porém o governo mantém escolas públicas com vaga garantida por lei a toda criança. Também com base no conceito de externalidade é que o governo oferece escolas gratuitas para a população.
Tal acontece, pois o governo busca criar externalidades positivas, uma vez que uma pessoa bem educada trará benefícios para a sociedade como um todo. Também temos que atentar para o fato de a educação ser um direito de todos, garantido na constituição, e ao estimular o prover o ensino público o governo garante que a iniciativa privada não domine todo o setor, gerando uma externalidade negativa.
Um exemplo de bem público e explique por que ele se configura em uma falha de mercado: a iluminação pública. Ora, é impossível saber quanto cada um de nós gasta individualmente de iluminação, pois enquanto eu posso morar em um prédio e não sair de casa a não ser para trabalhar (pagando praticamente toda a iluminação de que preciso), muitas outras pessoas podem depender da iluminação nas praças, estradas e ruas. Por isso, não outra forma se não cobrar de todos o uso que beneficia, em última análise, a todos.


Resumo do Conceito de Método - Pesquisa

O conceito de método, para Japiassu & Marcondes (1990), é o conjunto de procedimentos racionais, baseados em regras, que visam atingir um objetivo determinado. 
Método “é o caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que esse caminho tenha sido fixado de antemão de modo refletido e deliberado” (Hegemberg). “É uma forma de selecionar técnicas, formas de avaliar alternativas para a ação científica. Método são regras de escolha, técnicas são as próprias escolhas” (Ackoff).
“É o conjunto de procedimentos lógicos e de técnicas operacionais que permitem ao cientista descobrir as relações causais constantes que existem entre os fenômenos”(Severino, 1992, p.121)
Para Bunge, o método comporta elementos doutrinários e ideológicos e reduz o método à indução e à dedução”.
Para a Filosofia, segundo Chauí, método “tem um sentido vago e um sentido preciso”. Também é “ciência universal de ordem e da medida, podendo ser analítico ou sintético”, considerando-o dedutivo e indutivo.

Assim tem-se três métodos, a saber: a) O Hipotético-Dedutivo, b) O Fenomenológico-Hermenêutico e c) O Dialético. O método hipotético-dedutivo é aquele “através do qual se constrói uma teoria", que formula hipóteses e, a partir destas hipóteses os resultados obtidos podem ser deduzidos. Com base neles se pode fazer previsões que, por sua vez, podem ser confirmadas ou refutadas. Essa questão surgiu na perspectiva cartesiana, buscando partir da valorização da experiência e indicando a substituição da função pela probabilidade, admitindo um novo método, o hipotético-dedutivo, em contraste com o método empírico-dedutivo do Positivismo Clássico.


Pequeno Resumo do Livro "Henrique V" de Shakespeare


Neste belo livro do grande Shakespeare se nota a evolução da personagem do Rei Henrique, que antes, na junventude, passara muito tempo com o boêmio Falstaff (Henrique IV, partes 1 e 2), mas agora ascende ao trono como um homem feito. O pano de fundo da peça é a Guerra dos Cem Anos (1337-1453) entre Inglaterra e França, rivais históricas.
O grande destaque vai para a postura do Rei Henrique V diante dos seus súditos, em particular os soldados, ao se colocar no mesmo nível que eles quando deseja incitá-los a lutar a seu lado, dizendo, textualmente: "Nós, um bando de irmãos!". Henrique V foi encenada pela primeira vez em 1599, mas ainda hoje, mais de quatrocentos anos depois, o texto lança luz sobre a natureza da guerra e da política, do discurso populista e da manipulação do povo. 
Rei da ironia, Shakespeare, mesmo nessa peça "séria", faz interessantes colocações sobre a vida em sociedade, como na fala do Rei diante de coisas feitas por alguém longe de casa, dizendo: "Coisa muito comum, que os homens sejam indecentes ao máximo quando se encontram longe de casa".
Também vale destacar a língua afiada do Bardo em criar um série de ditados, como por exemplo: "a amizade sempre adula", "cobra venenosa tem que se cuidar, para não morder a língua" e "o tolo dispara a sua flecha primeiro".


Pequeno Resumo do Livro "Macbeth" de Shakespeare


Neste clássico de Shakespeare o elemento principal é a ganância desenfreada. 
Macbeth recebe a profecia de três bruxas de que ele será rei, só para ver os filhos de Banquo sucedê-lo. Para ascender ao trono, bêbado, ele arquiteta o assassinato do rei Duncan, com a cumplicidade de Lady Macbeth. Mais tarde, durante a tentativa de assassinato Banquo, ambos acabam isolados e derrotados. Macbeth é um general do exército escocês muito apreciado por seu monarca, o rei Duncan, por sua lealdade e seus guerreiros serviços. Um dia, ele e Banquo, outro general, são abordados por três bruxas, que fazem as seguintes previsões: Macbeth será rei, Banquo é menos importante, mas mais poderoso do que Macbeth, e os filhos de Banquo serão reis. Macbeth não entende as palavras confusas das aparições, mas elas calam fundo. Ele relata o estranho encontro a sua esposa, Lady Macbeth - uma das vilãs mais perfeitas da literatura - que, ambiciosa, exerce seu poder sobre seu marido, levando-o a cometer o ato fatal de traição ao rei que desencadeia a tragédia. A importância da perfídia de Lady Macbeth, uma vez que Macbeth vacilou diante dos desafios, daí o "queres ser grande, e não te falta ambição, mas careces do mal que deve acompanhar esta ambição".


Resumo das origens da SPVEA e da SUDAM

   Após o período pós Constituição de 1946, em que pese alguns resultados como a criação do Instituto Agronômico do Norte, a região amazônica continuou a sofrer com o seu insulamento, levando a SPVEA, que nunca fora - é bom que se esclareça - dotada de autonomia financeira e administrativa, a malograr na sua missão. Porém, a construção do marco teórico-metodológico que permeou a SPVEA, que tem na definição de Amazônia Legal um exemplo até hoje utilizado[ Após algumas pequenas alterações posteriores, atualmente a Amazônia Legal está compreendida entre os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão (oeste do meridiano de 44º) ], permitiu que, anos mais tarde, se criasse o suporte institucional que facilitaria o direcionamento dos investimentos na região.

   Mais tarde, nos anos 1960, passa-se pela interiorização da capital do Brasil, indo do Rio de Janeiro para Brasília (projeto que remontava à Proclamação da República), sem que a SPVEA tenha tido qualquer relevância apreciável. Inclusive, um dos projetos mais significativos dessa época para a Região Norte foi a construção da rodovia Belém-Brasília, tendo sido feita à revelia da SPVEA, apartada de uma política para a região, mas buscando, de fato, interligar a nova capital e dotá-la de centralidade.


   Não muito tempo depois, a partir de uma iniciativa do governo militar derivada da experiência da SPVEA, cria-se a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), em 1966. Os objetivos centralizadores e nacionalistas do governo militar foram resgatar a ideia inicial de planejamento “a partir de cima”, no contexto da famosa “marcha para o oeste” da ocupação militar, mas o enorme aparato burocrático que foi criado, eivado de denúncias de corrupção ao longo de todo o seu funcionamento, acabou por resultar em sua extinção formal em 2001. 

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Resumo do Livro "Geopolítica brasileira e relações internacionais nos anos 50" - Thiago Bonfada de Carvalho

Neste livro, originalmente apresentado em 2005 ao Instituto Rio Branco como requisito do Mestrado em Diplomacia, o autor apresenta as circunstâncias da geopolítica brasileira na década de 50 do século passado, com especial atenção ao pensamento do General Golbery do Couto e Silva.Para tal, o autor divide o livro em duas partes, cada uma delas contendo dois capítulos. A primeira parte é dedicada ao contexto sociopolítico do Brasil da época, estendendo-se a análise até a década de 60 com o início do regime militar, enquanto a segunda parte detém-se propriamente no estudo das ideias do General Golbery.
O primeiro capítulo trata dos acalorados debates que permearam os projetos desenvolvimentistas no Brasil no pós Segunda Guerra. A começar do governo Dutra, Carvalho discute os antagonismos entre as correntes de pensamento “entreguista” e “nacionalista”, mostrando a relevância do debate diante das imbricadas relações de poder que se apresentavam.A partir desse ponto, o autor distingue três correntes de pensamento, que inclui as duas já citadas e mais a Escola Superior de Guerra (ESG), pois, ainda segundo o autor, a “ESG foi a principal responsável pela atualização dos conceitos gerais de estratégia no Brasil”(p.70). Foi a ESG, destaque-se, que permitiu as militares conceber a gestão do Estado em conceito mais amplo.Dentro da ESG, desponta a importante figura do General Golbery, e o autor apresenta primeiro as concepções sobre geopolítica de Golbery para depois apresentar sua visão sobre as relações internacionais. Assim, Golbery é visto como um defensor de uma geopolítica de base nacional, em contraposição ao seu caráter global, moldada com uma visão de futuro.

Diante da bipolaridade predominante da Guerra Fria, a posição de Golbery nas relações internacionais é realista, com predomínio, portanto, da ação do Estado no contexto “anárquico” do sistema internacional. Como também aponta o geógrafo Demétrio Magnoli, o realismo lida com o potencial conflitivo das relações internacionais onde, na busca por uma melhor inserção nos circuitos geopolíticos, Golbery defende uma estratégia de aliança do Brasil com os EUA, resgatando tese do Barão do Rio Branco.
O livro tem o grande mérito de iluminar um período bastante controverso da historiografia brasileira sem se esquivar do debate. A opção do autor em debater o representativo, ainda que controverso, pensamento do General Golbery mostra o quanto, até hoje, os discursos se limitam à superfície, sem se preocupar mais detidamente com a práxis.

domingo, 26 de maio de 2013

Pequeno Resumo do Livro "Metamorfoses do Espaço Habitado" - Milton Santos

A ideia principal do livro é contextualizar a geografia ante o processo de universalização do mundo, ou seja, a universalização da produção, das trocas e do capital, que acabam por trazer a reboque a universalização da cultura, das ideologias e do espaço. Dessa forma, o espaço assume um papel preponderante em um sem número de questões para o capital, que passa a administrá-lo pela lógica da especialização, dentro de lógicas próprias e, muitas vezes, alheias às realidades locais. Santos inclusive faz a ressalva importante de que esses espaços são habitados por populações cada vez mais heterogêneas, o que aumenta a complexidade na análise de categorias como região ou território. A seguir, após haver discorrido sobre a paisagem e seus tipos básicos (natural e artificial), o autor mostra que os processos para a sua modificação podem ser de ordem estrutural ou funcional, a depender das formas-lugares diferentes que possa assumir. Por último, cabe destacar que a organização espacial deve se pautar em quatro fatores: a) a concentração geográfica das atividades, b) o controle externo, c) a evolução espontânea e d) o papel do poder público. Com isso em mente, uma análise geográfica conta com os fundamentos para uma abordagem mais próxima do real em toda a sua complexidade, ou como diz o autor, em sua totalidade
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sábado, 25 de maio de 2013

Resumo do Texto: "Notas sobre a Epistemologia da Geografia"

Em sua abordagem geral, a autora elenca os seguintes temas a serem tratados: a) História da Geografia (linhas de pensamento), b) Geografia e Pós-Modernidade, c) Revisão de concepções e significados de conceitos geográficos (paisagem, território, lugar, região e ambiente), além de, finalmente, trazer um texto em anexo sobre Geografia, Ambiente e Anarquismo.
Ao começar a História da Geografia , a autora apontae um texto de Mao Tsé Tung para indicar duas formas de se conceber o mundo: a metafísica e a dialética. A visão metafísica seria afirmar que “tudo que existe sempre existiu”, ou seja, a conservação da matéria, onde nada pode surgir do nada e nem pode se transformar em nada. Já a visão dialética seria conceber um mundo em que “tudo flui”, em outras palavras, seria admitir a transitoriedade das coisas.
Passando para as questões mais afetas à Geografia, a autora elenca alguns métodos de estudo utilizados, a saber: a) O método Positivista, b) A Dialética e o Materialismo Histórico e, c) A Fenomenologia. 
A autora contextualiza o positivismo como o método científico clássico, influenciador dos outros métodos e que, na geografia, deixou sua marca na configuração do que chamamos de Geografia Clássica. Esta Geografia tinha seu método baseado em “localizar, observar, descrever e explicar”, ainda que ficasse em aberto uma questão fundamental: Como pode a Geografia, enquanto ciência que se diz de conexão entre a natureza e a sociedade, se situar no Positivismo, que separa as ciências naturais das sociais?
Dessa questão, e suas críticas, surgiu a perspectiva Neopositivista, que aporta na Geografia nos anos 1950 (Geografia Teorética, ou Quantitativa). Esta perspectiva buscou partir da “valorização da experiência… propõe o abandono da relação causal e indica a substituição da função pela probabilidade”, admitindo um novo método, o hipotético-dedutivo, em contraste com o método empírico-dedutivo do Positivismo Clássico.
Outra questão relevante surge acerca das implicações do Neopostivismo para a Geografia, pois “há a necessidade de iniciar a análise a partir da construção de hipóteses que derivem de teorias… Porém, não tendo teorias consolidadas, como os geógrafos procederiam?”. A geografia foi buscar modelos até mesmo fora do seu círculo, como, por exemplo, a Teoria do Estado Isolado, apenas constatar “que não houve a construção de teorias geográficas de abrangência”.
A seguir, a autora aborda a influência do materialismo histórico na Geografia, observando que “sob a ótica Materialista Histórica, o espaço geográfico contém a natureza socializada”, realçando que o trabalho, e as suas respectivas divisões sociais, é a categoria fundamental da análise. Dessa forma, o obejtivo é “buscar a compreensão da realidade como totalidade”, em claro desacordo com a fragmentação  positivista. A indicação, filosófica, é de pensar o homem sendo ao mesmo tempo social e natural e o espaço geográfico como “expressão material da transformação da primeira em segunda natureza.”
A seguir, a autora traz a fenomenologia, conceituando-a como o método de descrição do fenômeno, ou seja, aquilo que se apresenta imediatamente, implicando em exclusão de crenças e procurando captar o sentidos dado por seus autores (Geograficidade). 
A radicalidade da concepção fenomenológica residiria em conceber a Geografia como uma interpretação, existindo portanto muitas geografias conforme for a vivência dos espaços.
Posteriormente, a autora traz o ideia de Pós-Modernidade, ainda que sem consenso claro, ela não pode ser ignorada nas discussões em diferentes dimensões, como a cultural e a econômica. Estas questões, tendo como pano de fundo o questionamento das visões totalizantes trazido pela Pós-Modernidade, vão levar a uma revalorização do espaço, como lugar de existência, diferenciado.
Posteriormente, a autora levanta uma questão diferente, trazendo a ótica do Anarquismo. A autora busca trabalhar conceitos como autogestão e descentralização para mostrar a relevância deles para o discurso geográfico contemporâneo, em particular para as questões ambientais. Também se faz presente a ideia de “Geografia Social”, rompendo com a dicotomia clássica entre Geografia Física e Geografia Humana para, segundo a autora, “buscar uma outra matriz de pensamento, onde a razão cartesiana não governe o saber nem dê subsídios para (a) dominação do homem pelo homem.”
Por fim, mas não menos importante, a autora se impõe um tour de force diante dos seguintes conceitos geográficos: espaço, paisagem, território, lugar, região e ambiente. Sem buscar ser exaustiva, a autora expõe o caráter didático da obra e se coloca a traçar as linhas gerais de cada conceito. 
Em linhas gerais, a autora vê no espaço o conceito balizador da Geografia, tido como uno e múltiplo, sistemas de objetos e sistemas de ações…no qual a história se dá (SANTOS). Paisagem, conceito operacional, é tido como um conceito que “permite analisar o espaço geográfico sob uma dimensão, qual seja a conjunção dos elementos naturais/tecnificados, sócioeconomicos e culturais. O conceito de Território é visto em sua concepção clássica, vinculada à ideia de poder, com a ressalva de percebermos, atualmente, a flexibilização do conceito, traduzido em complexidades territoriais (território das drogas, por exemplo). Lugar, outro conceito operacional, se constitui na dimensão da existência que se manifesta através “de um cotidiano compartido”, passando de uma relação local-local para uma relação local-global. Região aparece como conceito derivado do âmbito quantitativo, indicativo de classe de área, passando por sua vinculação marxista à divisão social do trabalho para adquirir dimensões múltiplas, como a cultural. Por último, ao explanar sobre o conceito de Ambiente, a autora cita o Texto “A Descoberta da Fome” para caracterizar este conceito com uma visão por inteiro, não mais permitindo considerá-lo apenas ambiente natural, mas palco do homem em sua construção social
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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Resumo do Livro "Geografia - Conceitos e Temas" - Iná Elias de Castro

A primeira parte deste livro inicia com o estudo do conceito de espaço, analisando diante da geografia clássica, teorética, crítica e, mais contemporaneamente, a geografia humanista e cultural. A seguir, temos o conceito de região e suas diferentes visões, que variam conforme o significado atribuído em tons mais deterministas (região natural) ou possibilistas (região geográfica). Na sequencia, temos o conceito de território, visto como o único da geografia a tratar precipuamente do homem na sua relação com o meio, por envolver o caráter político e afirmar que território é o espaço definido e delimitado por relações de poder. O conceito de escala surge como aprofundamento da sua base meramente matemática, objetivando tratar de três problemas: a) a relação com a geografia, b) a epistemologia e c) a apreensão da realidade. Finalizando a primeira parte, vem o conceito de rede, e sua imbricações no tempo que levaram Milton Santos, dentre outros, a afirmar que vivemos o período técnico-científico-informacional. Na segunda parte, o livro traz temas importantes no debate da geografia moderna, a começar pela desterritorialização. Como mostra o autor desse capítulo, Rogério Haesbaert (com outras publicações importantes sobre esse tema) a desterritorialização é levada a cabo pelos grandes interesses e pelas redes estratégicas, em que ambas se relacionam, mas que permitem o surgimento de dinâmicas reterritorialização, como nas redes de solidariedade.
A seguir, trata-se do tema da Questão Regional no Brasil, tão usado nas análises clássicas de economistas como Celso Furtado ou Caio Prado Jr., em que o foco é estabelecer as relações entre geografia e economia na análise das relações como o espaço. Mudança técnica e espaço é o tema abordado posteriormente, em que fica claro a coexistência de modelos econômicos diversos no mesmo espaço, tanto em termos de tecnologia quanto de uso de mão-de-obra, configurando os “tempos desiguais” que vão ficando acumulados. Por fim, os dois últimos temas vêm falar em linhas gerais da geopolítica, a começar pelo tema “geopolítica na virada do milênio”. Nele, configura-se o realismo das relações internacionais, que atribui ao Estado caráter excepcional diante da anarquia internacional, favorecendo o determinismo geográfico subjacente. Para concluir, temos o tema das origens do pensamento geográfico no Brasil, situando-o como meio para ocupação dos espaços “vazios” e reforçando a ideia (ideologia?) de ordem, fazendo lembrar Lacoste e sua afirmação de uso da geografia
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quinta-feira, 23 de maio de 2013

Resumo do livro "Introdução ao Pensamento Epistemológico" - Hilton Japiassu


O autor, acertamente, define os rumos da reflexão ao “situar os problemas tais como eles se colocam ou se omitem”. Assim, temos a distinção inicial do Saber em Geral em dois campos: a) Os Saberes Especulativos (Filosofia – Racional e Teologia – Religioso) e b) As Ciências (Matemáticas e Empíricas). Nesse contexto, o autor conceitua a epistemologia como o “estudo metódico e reflexivo do saber, de sua organização, de sua formação, de seu funcionamento e de seus produtos intelectuais”.
Daí temos três tipos de Epistemologia: a) Epistemologia Global (ambos os saberes, tomados em geral), b) Epistemologia Particular (também ambos os saberes, tomados em particular) e, c) Epistemologia Específica (quando se estuda de modo mais próximo uma disciplina bem definida do saber).
Parte daí a subdivisão que o autor atribui às epistemologias contemporâneas, em função de terem elas seu primado no estudo do Sujeito, do Objeto ou na Interação entre ambos. Mais uma vez, o autor chama a atenção que o foco recai mais fortemente na Interação e passa ao estudo mais pormenorizado de alguns dos seus pensadores mais significativos, a começar por J. Piaget, e a epistemologia genética.  Ela pode ser definida como sendo “o estudo da constituição dos conhecimentos válidos”. Constituição, aqui, engloba “as condições de acesso” e as “condições propriamente constitutivas”, que dizem respeito à validade dos conhecimentos. Com isso, Piaget quer demonstrar que só há ciência se tivermos os seguintes elementos: a) elaboração de fatos, b) formalização lógico-matemática e, c) controle experimental. Evidentemente, Piaget se afasta da especulação mais filosófica em detrimento de uma epistemologia científica, em prol, segundo ele, de se evitar a “contaminação ideológica”.
Temos, a seguir, a Epistemologia Histórica de Bachelard, para quem a ciência “não é representação, mas ato”, o que o leva a afirmar que “não é contemplando, mas construindo, criando…que o espírito chega à verdade”. Isso afasta, como bem lembra Japiassu, a noção de espetáculo. Nesse concepção, a epsitemologia é tida como ciência “do estudo sistemático do modo como os conceitos de ‘verdade’ e de ‘realidade’ deveriam receber um sentido novo”. Revolucionariamente, portanto, Bachelard defende que a “ciência não é o pleonasmo da experiência”, mas sim que ela se faz contra a ciência, mostrando que é sob um fundo de erros que existe algo verdadeiro.
Na sequência, temos a Epistemologia “Racionalista-Científica” de Popper. Surgem duas indagações: a) como é possível a elaboração de uma teoria científica a partir de observações em número sempre finito? e, b) como é possível o estabelecimento da “verdade” de uma teoria apoiando-se apenas em bases observacionais?. Neste segundo problema é que vamos encontrar o que se convencionou chamar de “valor” das teorias científicas e, por por ter abordagem mais epistemológica e também oposta ao empirismo lógico é que o autor concentra aqui sua análise. Para tanto, é levantado o princípio do “verificabilidade”, que afirma que os princípios científicos devem ser demonstráveis e ao qual se antagoniza Popper com sua ideia de refutabilidade, ou seja, com o princípio de que um enunciado empírico só pode ser falsificado de modo conclusivo.
Logo após, o autor traz a Epistemologia Arqueológica, de Foucault. A principal busca desta epistemologia, em especial da obra Les mots et les choses, consiste em compreender a relação das ciências humanas com o “conjunto subjacente de conhecimentos e de cultura que poderá ser denominado saber pré-científico, opinião ou episteme”. A missão de Foucault passa a ser “apresentar o agenciamento global das ciências humanas” diante daquilo que ele denominou de “triedo do saber”, que vem a ser um espaço epistemológico em três dimensões: a) O eixo das Matemáticas, b) O eixo das Ciências da Vida (Biologia, Economia e Ciências da Linguagem) e, c) O eixo da reflexão filosófica. A partir dele, passa-se a uma digressão histórica que vai da Antiguidade à Renascença, chegando ao Positivismo Clássico.
Dentre as críticas à epistemologia arqueológica, a principal delas está na total exclusão que, segundo o autor, Foucault faz do homem real, para considerá-lo como conceito apenas. A essa crítica o autor contrapõe Sartre, para quem “O essencial não é o que se fez do homem, mas o que ele fez daquilo que fizeram dele.” E o que ele, o homem, faz é a própria história.
A seguir vem a abordagem da Epistemologia Crítica, fruto da reflexão histórica dos próprios cientistas sobre o seu métier. Seu objetivo social reside na responsabilidade social dos cientistas, resgatando a questão sobre a virtude da ciência. Aproximados cada vez mais dos círculos de poder, os cientistas se veem diante de dilemas complexos, que desnudam sua dependência e questionam a “imaculada concepção da ciência”, nas palavras de Nietzsche.
Por fim, a título de conclusão, o autor explana acerca dos rumos da filosofia, ressaltando o papel fundamental que deve ter a reflexão ante tudo o que foi colocado anteriormente. Sintomaticamente, o autor afirma que a filosofia “não pode refletir sobre ideias, mas sobre realidades”, o que a faz órfã de objeto de estudo tão somente para refletir sobre “os objetos das outras disciplinas”. “É por isso”, prossegue o autor, “que ela é sempre uma reflexão com as ciências, e não sobre ou para elas”. Eis que, finalmente, o autor afirma o papel da epistemologia, qual seja, o de “desmascarar a ilusão dos que pretendem conferir à ciência uma importância global que suprime a filosofia”, uma vez que a filosofia deve “criar uma horizonte comum que se recuse a todo confinamento”, sem jamais esquecer da obediência ao humano.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Resumo do Livro "Colapso" - Jared Diamond


Visitando “COLAPSO”: Questões sobre o mercado contemporâneo.

“COLAPSO”, o mais novo livro do ganhador do Prêmio Pulitzer Jared Diamond, representa, na prática, o manual de instruções da enorme bomba relógio chamada Planeta Terra. O tom catastrófico é tão nítido que a edição brasileira acrescentou o sub-título: “Como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso”.
Estruturado em quatro temas, o livro deve grande parte da sua força e impacto à segunda e terceira partes, respectivamente “Sociedades do Passado” e “Sociedades Modernas”. A primeira parte, embora relevante, tem um tom mítico que mais parece a introdução para uma grande jornada começando pelo quintal de casa, e no caso o quintal é “Montana Contemporânea”, terra na qual o autor viveu muitos anos. Já a última parte, “Lições Práticas”, que deveria ser o clímax e desfecho da obra, fica comprometida pela falta de uma análise social mais profunda, sendo o autor eminentemente um cientista bioquímico, distante das ciências sociais.
Sem dúvida, a lucidez de análise do autor está baseada em duas constatações: 1) Como todos nós, em geral, entendemos bem os problemas que nos afligem diretamente e 2) Como os norte-americanos, em especial, entendem mal a realidade dos outros. O grande leitmotiv de todo o discurso de Diamond está colocado, muito acertadamente, na questão sobre o uso dos recursos disponíveis. O sobre-uso, ou uso acima da capacidade de renovação natural de um recurso, leva, fatalmente, à exaustão. Então, trata-se de entender quanto e como fazer uso dos recursos renováveis para que eles não se esgotem jamais, atingindo o famoso desenvolvimento sustentável. O próprio Diamond diz sem rodeios que “o nível de consumo não pode ser o mesmo dos países de primeiro mundo em todos os países”. Ora, se tal consumo mundial um dia acontecesse, e os conservadores de todos os gêneros estão sempre aí prontos para evitar, os recursos seriam esgotados muito rapidamente, gerando o caos e nos levando a todos para o colapso. 

Sociedades antigas, problemas atuais.

Algumas sociedades analisadas foram pequenas, como as Ilhas de Páscoa, Pitcarin e Henderson no meio do Oceano Pacífico. Outras, sociedades muito maiores como os Maias e a Groenlândia Nórdica ocupada pelos antigos Vikings. Nessa seqüência, temos dois temas: 1) Como sociedades diferentes conseguiram resultados tão diferentes em ambientes iguais (Como os Vikings e os Inuits na Groenlândia Nórdica) e 2) Qual o grau de responsabilidade do grupo social, se é que ele é significativo, no desenvolvimento ou no colapso de uma sociedade. O primeiro tema mostra como os vikings sucumbiram, a despeito desse colapso ter durado alguns séculos, enquanto grupos inuits conseguiram permanecer na região até os dias atuais. A resposta está numa mistura de inadaptabilidade, desinteresse em aprender, comodismo, falta de conhecimento técnico (ou “falso” conhecimento técnico) e heranças culturais problemáticas. Percebeu-se, por exemplo, que os inuits tinham equipamentos para a pesca e para a caça à foca muito mais eficientes que aqueles pertencentes aos vikings.
Vale ressaltar que a foca ainda é o alimento mais farto daquela região, tal como à época viking. Ainda assim, os vikings jamais adaptaram seusutensílios, num misto de desinteresse e ojeriza pelo hábito de comer foca. Afinal, eles vinham da Europa e só em último caso a incorporavam ao seu cardápio, considerada alimento de menos prestígio. Não por acaso, certamente, as análises dos monturos de lixo comprovam a tendência crescente de aparecerem mais e mais ossos de foca, conforme a sociedade viking ia declinando e o desespero aumentando. Enquanto havia fartura, tudo ia bem. No desespero todos se comportaram como iguais. Já o segundo tema, na verdade uma indagação, deixa as pistas para um destino social em parte inexorável, mas que tem ampla influência na tomada de decisões da sociedade. Em outras palavras, existem condições às quais não se pode alterar, ao menos no curto prazo, e a elas a sociedade deve escolher entre a aceitação, e conseqüentemente a adaptação, ou o isolamento, resultando no colapso ou na fuga. Os habitantes da Ilha de Páscoa, outrora uma civilização pujante e conhecida até os nossos dias por suas incríveis estátuas de pedra feitas na era pré-motor, exauriram seus recursos deliberadamente, cortando, por exemplo, todas as árvores existentes. Isso transformou o cenário da ilha, até aquela época um manto de florestas, numa grande planície descampada, e isso é especialmente catastrófico para uma sociedade, como Páscoa, absolutamente dependente da madeira. Estudos apontam guerras entre tribos rivais como sendo a principal causa dessa atitude desesperada, na luta por construírem mais e mais estátuas, símbolo de poder. A gravidade é tal que Diamond se pergunta “O que estava pensando essa pessoa que cortou a última árvore de Páscoa?”. O alerta nos cabe, ou temos alguma dúvida da insanidade de muitos dos nossos “governantes” na sua sede de poder e glória? O capítulo sobre Ruanda, porém, é pouco denso na análise. Nem sequer consta que a África ainda é protetorado, na prática, das grandes potências econômicas. Nem muito menos se analisam as questões do tráfico, tanto de armas quanto de drogas, ou mesmo das calamidades sanitárias africanas. Nada. Ruanda surge como outro país isolado, sem influências (massacrantes) externas. Por fim, temos a certeza de ter em mãos um livro indispensável ao estudos das sociedades, tanto visando seu desenvolvimento quanto seu eventual colapso.

Resumo do Livro "Por uma Geografia Nova" - Milton Santos

“Por Uma Geografia Nova” dedica-se a uma revisão crítica da evolução da Geografia, na busca por abrir as portas às muitas discussões vindouras, como a Totalidade do Espaço, Forma, Função, Processo e Estrutura, dentre outras.
Dessa forma, o livro está dividido em três grandes partes: a) A Crítica da Geografia, b) Geografia, Sociedade, Espaço e, c) Por Uma Geografia Crítica.
Quanto à primeira parte, o autor pretende um tour de force pelas diferentes correntes do pensamento geográfico, partindo dos fundadores clássicos e suas pretensões científicas, passando pela “New Geography”, até chegar à crise que fez da Geografia a “Viúva do Espaço”. A começar pela Geografia Colonial, o autor, citando Freeman, lembra que este considera que “existe mesmo uma relação entre a expansão geográfica e a colonização”, sendo que até mesmo Vidal de la Blache às vezes “deu a impressão de apreciar a obra colonizadora”.
Falando sobre os clássicos da geografia, o autor mostra a busca incessante por dar à geografia o status de ciência, terminando por se valer de excessiva analogia com as ciências naturais, já legitimadas. Isso constitui um erro grave, prossegue o autor, pois, ao contrário das ciências naturais em que a possibilidade de se repetir uma experiência é condição sine qua non da validade do método científico, os fenômenos históricos “jamais se repetem da mesma forma”. Ademais, o caráter “exato” das ciências naturais deixa a desejar quando observamos, a título exemplificativo, o quanto a nossa apreensão da realidade se altera com “o nível do progresso científico atingido”. 
Às transformações que a ciência passou após a 2ª Guerra Mundial, e decerto toda a sociedade, enormes desafios se ergueram em torno do que se chamaria mais tarde de “New Geography”, seja dando vazão às novas formas de pesquisa, aos novos objetos, ou às necessidades que surgiam. Reaparecia, com renovada força, a quantificação oriunda dos clássicos deterministas, agora escoltada pela Teoria dos Sistemas, pelos modelos e pelas diversas formas de valorização da percepção.
A seguir, passamos por um breve interlúdio frente à Geografia da Percepção, que o autor conceitua como “a maneira específica como cada indivíduo apreende e avalia o espaço” apenas para, já dentro das críticas, perder de vista a práxis em detrimento do comportamento, tornando essa percepção uma via de mão única do sujeito para o objeto.
Por todas essas críticas apontadas anteriormente, o autor acaba por concluir pelo “triunfo do formalismo”, decerto ideológico, que deixa a Geografia “viúva do espaço”, apenas para apontar rachaduras nesta estrutura de crise pela qual passa todo o método quantitativo. 
Agora, dentro da segunda parte do livro, o autor roga por uma nova interdisciplinaridade - que muitos atualmente chamariam de transdisciplinaridade - na busca por romper com o isolamento da geografia diante de outros campos do saber, lançando a seguinte proposta: redefinir o objeto da geografia como sendo o espaço enquanto produto histórico. Daí que o autor utiliza um conceito de espaço, dentre outros que ele também utiliza a partir de outros enfoques, como sendo “um conjunto de formas representativas de relações sociais do passado e do presente… que se manifestam através de processos e funções. O Espaço é, então, verdadeiro campo de forças cuja aceleração é desigual.”
Para cumprir por inteiro a obrigação autoimposta de definir o espaço como objeto geográfico, Milton Santos propõe algumas questões acerca da essência do espaço. Assim, diante da questão “Espaço: Reflexo ou Fato Social?”, o autor não hesita pela segunda alternativa e o faz citando Henri Lefèbvre, para quem “a cidade é a projeção da sociedade sobre o terreno”, calcadas, ainda na visão marxista de Lefèbvre, nas “relações de produção” . Da mesma forma, o autor vai afirmar o papel do espaço na totalidade social como instância específica, não completamente subordinada, mas dotada de autonomia (relativa).
Assim, terminada essa jornada pelas bases do pensamento geográfico, na terceira e última parte do livro o autor se lança ao trabalho de expor uma Geografia Crítica, da qual ele se tornou hoje, seguramente, um dos expoentes.
De pronto, Milton Santos advoga pelo fim da dicotomia homem versus natureza, em nome do que ele chama de “espaço total de nossos dias”. Frente a frente com a universalização da economia, que, muitas vezes, leva a reboque a universalização do espaço, o autor não deixa dúvidas quanto ao rumo epistemológico do seu trabalho ao defender a dialética do espaço. Surgem então as concepções de estrutura, processo, função e forma como categorias de análise do espaço, descortinando sua essência mais viva, e afirmando a posição do autor como defensor dos espaços (e territórios) dos países subdesenvolvidos. 
Neste contexto, e para além dele, aparece o conceito de formação social, ao qual o autor assim se refere: “a noção de formação social nos oferece a possibilidade de interpretar a acumulação e a superposição das formas, a paisagem geográfica inclusive”. Some-se a isso o desejo do autor de acrescentar a noção de tempo, admitindo uma “necessidade de periodização” nos estudos geográficos para que se entenda o espaço também como uma “acumulação desigual de tempos”, em face de uma realidade mais profunda e complexa de (re)valorização relativa do espaço.
Por fim, chegamos a uma encruzilhada na qual uma das duas alternativas deverá ser escolhida: a) justificar a ordem existente através do ocultamento das reais relações sociais no espaço ou, b) analisar as relações do espaço, suas contradições e as possibilidades de destruí-las. Ao defender abertamente uma Geografia Liberada, uma Geografia Nova, Milton Santos ativamente responde a favor da segunda.