sábado, 25 de maio de 2013

Resumo do Texto: "Notas sobre a Epistemologia da Geografia"

Em sua abordagem geral, a autora elenca os seguintes temas a serem tratados: a) História da Geografia (linhas de pensamento), b) Geografia e Pós-Modernidade, c) Revisão de concepções e significados de conceitos geográficos (paisagem, território, lugar, região e ambiente), além de, finalmente, trazer um texto em anexo sobre Geografia, Ambiente e Anarquismo.
Ao começar a História da Geografia , a autora apontae um texto de Mao Tsé Tung para indicar duas formas de se conceber o mundo: a metafísica e a dialética. A visão metafísica seria afirmar que “tudo que existe sempre existiu”, ou seja, a conservação da matéria, onde nada pode surgir do nada e nem pode se transformar em nada. Já a visão dialética seria conceber um mundo em que “tudo flui”, em outras palavras, seria admitir a transitoriedade das coisas.
Passando para as questões mais afetas à Geografia, a autora elenca alguns métodos de estudo utilizados, a saber: a) O método Positivista, b) A Dialética e o Materialismo Histórico e, c) A Fenomenologia. 
A autora contextualiza o positivismo como o método científico clássico, influenciador dos outros métodos e que, na geografia, deixou sua marca na configuração do que chamamos de Geografia Clássica. Esta Geografia tinha seu método baseado em “localizar, observar, descrever e explicar”, ainda que ficasse em aberto uma questão fundamental: Como pode a Geografia, enquanto ciência que se diz de conexão entre a natureza e a sociedade, se situar no Positivismo, que separa as ciências naturais das sociais?
Dessa questão, e suas críticas, surgiu a perspectiva Neopositivista, que aporta na Geografia nos anos 1950 (Geografia Teorética, ou Quantitativa). Esta perspectiva buscou partir da “valorização da experiência… propõe o abandono da relação causal e indica a substituição da função pela probabilidade”, admitindo um novo método, o hipotético-dedutivo, em contraste com o método empírico-dedutivo do Positivismo Clássico.
Outra questão relevante surge acerca das implicações do Neopostivismo para a Geografia, pois “há a necessidade de iniciar a análise a partir da construção de hipóteses que derivem de teorias… Porém, não tendo teorias consolidadas, como os geógrafos procederiam?”. A geografia foi buscar modelos até mesmo fora do seu círculo, como, por exemplo, a Teoria do Estado Isolado, apenas constatar “que não houve a construção de teorias geográficas de abrangência”.
A seguir, a autora aborda a influência do materialismo histórico na Geografia, observando que “sob a ótica Materialista Histórica, o espaço geográfico contém a natureza socializada”, realçando que o trabalho, e as suas respectivas divisões sociais, é a categoria fundamental da análise. Dessa forma, o obejtivo é “buscar a compreensão da realidade como totalidade”, em claro desacordo com a fragmentação  positivista. A indicação, filosófica, é de pensar o homem sendo ao mesmo tempo social e natural e o espaço geográfico como “expressão material da transformação da primeira em segunda natureza.”
A seguir, a autora traz a fenomenologia, conceituando-a como o método de descrição do fenômeno, ou seja, aquilo que se apresenta imediatamente, implicando em exclusão de crenças e procurando captar o sentidos dado por seus autores (Geograficidade). 
A radicalidade da concepção fenomenológica residiria em conceber a Geografia como uma interpretação, existindo portanto muitas geografias conforme for a vivência dos espaços.
Posteriormente, a autora traz o ideia de Pós-Modernidade, ainda que sem consenso claro, ela não pode ser ignorada nas discussões em diferentes dimensões, como a cultural e a econômica. Estas questões, tendo como pano de fundo o questionamento das visões totalizantes trazido pela Pós-Modernidade, vão levar a uma revalorização do espaço, como lugar de existência, diferenciado.
Posteriormente, a autora levanta uma questão diferente, trazendo a ótica do Anarquismo. A autora busca trabalhar conceitos como autogestão e descentralização para mostrar a relevância deles para o discurso geográfico contemporâneo, em particular para as questões ambientais. Também se faz presente a ideia de “Geografia Social”, rompendo com a dicotomia clássica entre Geografia Física e Geografia Humana para, segundo a autora, “buscar uma outra matriz de pensamento, onde a razão cartesiana não governe o saber nem dê subsídios para (a) dominação do homem pelo homem.”
Por fim, mas não menos importante, a autora se impõe um tour de force diante dos seguintes conceitos geográficos: espaço, paisagem, território, lugar, região e ambiente. Sem buscar ser exaustiva, a autora expõe o caráter didático da obra e se coloca a traçar as linhas gerais de cada conceito. 
Em linhas gerais, a autora vê no espaço o conceito balizador da Geografia, tido como uno e múltiplo, sistemas de objetos e sistemas de ações…no qual a história se dá (SANTOS). Paisagem, conceito operacional, é tido como um conceito que “permite analisar o espaço geográfico sob uma dimensão, qual seja a conjunção dos elementos naturais/tecnificados, sócioeconomicos e culturais. O conceito de Território é visto em sua concepção clássica, vinculada à ideia de poder, com a ressalva de percebermos, atualmente, a flexibilização do conceito, traduzido em complexidades territoriais (território das drogas, por exemplo). Lugar, outro conceito operacional, se constitui na dimensão da existência que se manifesta através “de um cotidiano compartido”, passando de uma relação local-local para uma relação local-global. Região aparece como conceito derivado do âmbito quantitativo, indicativo de classe de área, passando por sua vinculação marxista à divisão social do trabalho para adquirir dimensões múltiplas, como a cultural. Por último, ao explanar sobre o conceito de Ambiente, a autora cita o Texto “A Descoberta da Fome” para caracterizar este conceito com uma visão por inteiro, não mais permitindo considerá-lo apenas ambiente natural, mas palco do homem em sua construção social
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