quarta-feira, 22 de maio de 2013

Resumo do Livro "Por uma Geografia Nova" - Milton Santos

“Por Uma Geografia Nova” dedica-se a uma revisão crítica da evolução da Geografia, na busca por abrir as portas às muitas discussões vindouras, como a Totalidade do Espaço, Forma, Função, Processo e Estrutura, dentre outras.
Dessa forma, o livro está dividido em três grandes partes: a) A Crítica da Geografia, b) Geografia, Sociedade, Espaço e, c) Por Uma Geografia Crítica.
Quanto à primeira parte, o autor pretende um tour de force pelas diferentes correntes do pensamento geográfico, partindo dos fundadores clássicos e suas pretensões científicas, passando pela “New Geography”, até chegar à crise que fez da Geografia a “Viúva do Espaço”. A começar pela Geografia Colonial, o autor, citando Freeman, lembra que este considera que “existe mesmo uma relação entre a expansão geográfica e a colonização”, sendo que até mesmo Vidal de la Blache às vezes “deu a impressão de apreciar a obra colonizadora”.
Falando sobre os clássicos da geografia, o autor mostra a busca incessante por dar à geografia o status de ciência, terminando por se valer de excessiva analogia com as ciências naturais, já legitimadas. Isso constitui um erro grave, prossegue o autor, pois, ao contrário das ciências naturais em que a possibilidade de se repetir uma experiência é condição sine qua non da validade do método científico, os fenômenos históricos “jamais se repetem da mesma forma”. Ademais, o caráter “exato” das ciências naturais deixa a desejar quando observamos, a título exemplificativo, o quanto a nossa apreensão da realidade se altera com “o nível do progresso científico atingido”. 
Às transformações que a ciência passou após a 2ª Guerra Mundial, e decerto toda a sociedade, enormes desafios se ergueram em torno do que se chamaria mais tarde de “New Geography”, seja dando vazão às novas formas de pesquisa, aos novos objetos, ou às necessidades que surgiam. Reaparecia, com renovada força, a quantificação oriunda dos clássicos deterministas, agora escoltada pela Teoria dos Sistemas, pelos modelos e pelas diversas formas de valorização da percepção.
A seguir, passamos por um breve interlúdio frente à Geografia da Percepção, que o autor conceitua como “a maneira específica como cada indivíduo apreende e avalia o espaço” apenas para, já dentro das críticas, perder de vista a práxis em detrimento do comportamento, tornando essa percepção uma via de mão única do sujeito para o objeto.
Por todas essas críticas apontadas anteriormente, o autor acaba por concluir pelo “triunfo do formalismo”, decerto ideológico, que deixa a Geografia “viúva do espaço”, apenas para apontar rachaduras nesta estrutura de crise pela qual passa todo o método quantitativo. 
Agora, dentro da segunda parte do livro, o autor roga por uma nova interdisciplinaridade - que muitos atualmente chamariam de transdisciplinaridade - na busca por romper com o isolamento da geografia diante de outros campos do saber, lançando a seguinte proposta: redefinir o objeto da geografia como sendo o espaço enquanto produto histórico. Daí que o autor utiliza um conceito de espaço, dentre outros que ele também utiliza a partir de outros enfoques, como sendo “um conjunto de formas representativas de relações sociais do passado e do presente… que se manifestam através de processos e funções. O Espaço é, então, verdadeiro campo de forças cuja aceleração é desigual.”
Para cumprir por inteiro a obrigação autoimposta de definir o espaço como objeto geográfico, Milton Santos propõe algumas questões acerca da essência do espaço. Assim, diante da questão “Espaço: Reflexo ou Fato Social?”, o autor não hesita pela segunda alternativa e o faz citando Henri Lefèbvre, para quem “a cidade é a projeção da sociedade sobre o terreno”, calcadas, ainda na visão marxista de Lefèbvre, nas “relações de produção” . Da mesma forma, o autor vai afirmar o papel do espaço na totalidade social como instância específica, não completamente subordinada, mas dotada de autonomia (relativa).
Assim, terminada essa jornada pelas bases do pensamento geográfico, na terceira e última parte do livro o autor se lança ao trabalho de expor uma Geografia Crítica, da qual ele se tornou hoje, seguramente, um dos expoentes.
De pronto, Milton Santos advoga pelo fim da dicotomia homem versus natureza, em nome do que ele chama de “espaço total de nossos dias”. Frente a frente com a universalização da economia, que, muitas vezes, leva a reboque a universalização do espaço, o autor não deixa dúvidas quanto ao rumo epistemológico do seu trabalho ao defender a dialética do espaço. Surgem então as concepções de estrutura, processo, função e forma como categorias de análise do espaço, descortinando sua essência mais viva, e afirmando a posição do autor como defensor dos espaços (e territórios) dos países subdesenvolvidos. 
Neste contexto, e para além dele, aparece o conceito de formação social, ao qual o autor assim se refere: “a noção de formação social nos oferece a possibilidade de interpretar a acumulação e a superposição das formas, a paisagem geográfica inclusive”. Some-se a isso o desejo do autor de acrescentar a noção de tempo, admitindo uma “necessidade de periodização” nos estudos geográficos para que se entenda o espaço também como uma “acumulação desigual de tempos”, em face de uma realidade mais profunda e complexa de (re)valorização relativa do espaço.
Por fim, chegamos a uma encruzilhada na qual uma das duas alternativas deverá ser escolhida: a) justificar a ordem existente através do ocultamento das reais relações sociais no espaço ou, b) analisar as relações do espaço, suas contradições e as possibilidades de destruí-las. Ao defender abertamente uma Geografia Liberada, uma Geografia Nova, Milton Santos ativamente responde a favor da segunda.

5 comentários:

  1. Queria ter esse manejo de Resumir, pq pra mim tudo é importante, me ajudou muito quando fala do Formalismo, inclusive isso vai cair na prova... Kkkk valeu obg

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  2. Queria ter esse manejo de Resumir, pq pra mim tudo é importante, me ajudou muito quando fala do Formalismo, inclusive isso vai cair na prova... Kkkk valeu obg

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