quarta-feira, 22 de maio de 2013

Resumo do Livro "Colapso" - Jared Diamond


Visitando “COLAPSO”: Questões sobre o mercado contemporâneo.

“COLAPSO”, o mais novo livro do ganhador do Prêmio Pulitzer Jared Diamond, representa, na prática, o manual de instruções da enorme bomba relógio chamada Planeta Terra. O tom catastrófico é tão nítido que a edição brasileira acrescentou o sub-título: “Como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso”.
Estruturado em quatro temas, o livro deve grande parte da sua força e impacto à segunda e terceira partes, respectivamente “Sociedades do Passado” e “Sociedades Modernas”. A primeira parte, embora relevante, tem um tom mítico que mais parece a introdução para uma grande jornada começando pelo quintal de casa, e no caso o quintal é “Montana Contemporânea”, terra na qual o autor viveu muitos anos. Já a última parte, “Lições Práticas”, que deveria ser o clímax e desfecho da obra, fica comprometida pela falta de uma análise social mais profunda, sendo o autor eminentemente um cientista bioquímico, distante das ciências sociais.
Sem dúvida, a lucidez de análise do autor está baseada em duas constatações: 1) Como todos nós, em geral, entendemos bem os problemas que nos afligem diretamente e 2) Como os norte-americanos, em especial, entendem mal a realidade dos outros. O grande leitmotiv de todo o discurso de Diamond está colocado, muito acertadamente, na questão sobre o uso dos recursos disponíveis. O sobre-uso, ou uso acima da capacidade de renovação natural de um recurso, leva, fatalmente, à exaustão. Então, trata-se de entender quanto e como fazer uso dos recursos renováveis para que eles não se esgotem jamais, atingindo o famoso desenvolvimento sustentável. O próprio Diamond diz sem rodeios que “o nível de consumo não pode ser o mesmo dos países de primeiro mundo em todos os países”. Ora, se tal consumo mundial um dia acontecesse, e os conservadores de todos os gêneros estão sempre aí prontos para evitar, os recursos seriam esgotados muito rapidamente, gerando o caos e nos levando a todos para o colapso. 

Sociedades antigas, problemas atuais.

Algumas sociedades analisadas foram pequenas, como as Ilhas de Páscoa, Pitcarin e Henderson no meio do Oceano Pacífico. Outras, sociedades muito maiores como os Maias e a Groenlândia Nórdica ocupada pelos antigos Vikings. Nessa seqüência, temos dois temas: 1) Como sociedades diferentes conseguiram resultados tão diferentes em ambientes iguais (Como os Vikings e os Inuits na Groenlândia Nórdica) e 2) Qual o grau de responsabilidade do grupo social, se é que ele é significativo, no desenvolvimento ou no colapso de uma sociedade. O primeiro tema mostra como os vikings sucumbiram, a despeito desse colapso ter durado alguns séculos, enquanto grupos inuits conseguiram permanecer na região até os dias atuais. A resposta está numa mistura de inadaptabilidade, desinteresse em aprender, comodismo, falta de conhecimento técnico (ou “falso” conhecimento técnico) e heranças culturais problemáticas. Percebeu-se, por exemplo, que os inuits tinham equipamentos para a pesca e para a caça à foca muito mais eficientes que aqueles pertencentes aos vikings.
Vale ressaltar que a foca ainda é o alimento mais farto daquela região, tal como à época viking. Ainda assim, os vikings jamais adaptaram seusutensílios, num misto de desinteresse e ojeriza pelo hábito de comer foca. Afinal, eles vinham da Europa e só em último caso a incorporavam ao seu cardápio, considerada alimento de menos prestígio. Não por acaso, certamente, as análises dos monturos de lixo comprovam a tendência crescente de aparecerem mais e mais ossos de foca, conforme a sociedade viking ia declinando e o desespero aumentando. Enquanto havia fartura, tudo ia bem. No desespero todos se comportaram como iguais. Já o segundo tema, na verdade uma indagação, deixa as pistas para um destino social em parte inexorável, mas que tem ampla influência na tomada de decisões da sociedade. Em outras palavras, existem condições às quais não se pode alterar, ao menos no curto prazo, e a elas a sociedade deve escolher entre a aceitação, e conseqüentemente a adaptação, ou o isolamento, resultando no colapso ou na fuga. Os habitantes da Ilha de Páscoa, outrora uma civilização pujante e conhecida até os nossos dias por suas incríveis estátuas de pedra feitas na era pré-motor, exauriram seus recursos deliberadamente, cortando, por exemplo, todas as árvores existentes. Isso transformou o cenário da ilha, até aquela época um manto de florestas, numa grande planície descampada, e isso é especialmente catastrófico para uma sociedade, como Páscoa, absolutamente dependente da madeira. Estudos apontam guerras entre tribos rivais como sendo a principal causa dessa atitude desesperada, na luta por construírem mais e mais estátuas, símbolo de poder. A gravidade é tal que Diamond se pergunta “O que estava pensando essa pessoa que cortou a última árvore de Páscoa?”. O alerta nos cabe, ou temos alguma dúvida da insanidade de muitos dos nossos “governantes” na sua sede de poder e glória? O capítulo sobre Ruanda, porém, é pouco denso na análise. Nem sequer consta que a África ainda é protetorado, na prática, das grandes potências econômicas. Nem muito menos se analisam as questões do tráfico, tanto de armas quanto de drogas, ou mesmo das calamidades sanitárias africanas. Nada. Ruanda surge como outro país isolado, sem influências (massacrantes) externas. Por fim, temos a certeza de ter em mãos um livro indispensável ao estudos das sociedades, tanto visando seu desenvolvimento quanto seu eventual colapso.

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